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·19 de novembro de 2019

Sócrates: democracia, paixão e futebol

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Nascido em Belém do Pará, no dia 19 de fevereiro de 1954, Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira é dos nomes mais importantes do futebol brasileiro. Além disso, segundo a FIFA, também é um dos maiores do futebol mundial. Começou no Botafogo de Ribeirão Preto, em 1974. Na época, cursava medicina na USP da cidade, assim, atrapalhando seus treinamentos no clube. Quatro anos depois foi para o Corinthians, logo após se formar na faculdade em 77. Além disso, passou pela Fiorentina, da Itália, pelo Flamengo e também Santos.

Democracia

Viu com seus próprios olhos o pai, Seu Raimundo, queimar boa parte da coleção de livros no auge da repressão no regime militar. Assim, conheceu o termo “ditadura”. Mais tarde, na década de 80, juntamente com Casagrande, Wladimir e Zenon, criou o movimento Democracia Corinthiana, a maior ação ideológica de um time no Brasil. Na época, foi uma revolução dentro do clube. No período de 1981 a 1985, tudo no Alvinegro era decidido por meio de votação, desde as contratações até o local de concentração da equipe.


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Entretanto, em 1981, o time ficou em 26º lugar no Campeonato Brasileiro, que na época ainda era por grupos e com 40 equipes disputando o título. Somado a isso, ficou na 8ª colocação no Paulista. Em consequência disso, foi rebaixado para a segunda divisão do Brasileiro, quando o Estadual ainda determinava a queda das equipes. Logo, a campanha de 81 do Timão foi uma das piores da história do clube. Contudo, posteriormente, no ano seguinte, conquistou o Paulistão. Ainda em 82, no dia 15 de novembro, haveria votação no país. Com isso, foi estampado nos cinco jogos anteriores à votação na camisa do Corinthians “dia 15 vote”, nas costas. O objetivo era levar os brasileiros para as urnas. E deu certo. Naquele ano, 10,6 milhões de eleitores, de um total de 13,1 milhões, votaram no Estado de São Paulo.

“Todos por um. Corinthians”

Recentemente, em maio de 2018, a Nike lançou dois uniformes para o Alvinegro em homenagem à Democracia Corinthiana. A campanha também trazia a frase “Todos por um. Corinthians” em destaque. A camisa tradicional, toda na cor branca, teve inspiração retrô, com gola careca e um botão centralizado na altura do peito. Na parte por trás da gola, foram colocadas listras verticais em preto e branco, assim, destacando os cores do clube. Além disso, na parte interna, a frase “Eu sou Corinthians” chamava a atenção. A segunda camisa trouxe a garra e espírito de luta do time como pontos principais. Na gola, parte de um dos principais cantos da Fiel torcida: “Não para de lutar”.

“O Corinthians é um time de muita luta dentro de campo e, inquestionavelmente, o time do povo. Lançar as novas camisas de 2018 com uma mensagem que remeta a esse espírito da torcida e à Democracia Corinthiana estabelecida pelos próprios jogadores é uma homenagem pelo que o clube fez para o futebol e para a nação”, afirmou, na época, Bárbara Casara, diretora de marca para futebol da Nike no Brasil.

Juntamente com o lançamento dos uniformes, em maio de 2018, o clube Alvinegro inaugurou a estátua em homenagem a Sócrates na Arena Corinthians. O evento de aconteceu horas antes da partida contra o Independiente, da Argentina, pela Libertadores. O lateral Fagner, o atacante Roger, jogador do Timão na época, e também o ex-lateral Zé Maria, que atuou com o Doutor no período da Democracia Corinthiana, participaram da inauguração.

Corinthians, Seleção e mais homenagem

Pelo Timão, Magro conquistou três vezes o Campeonato Paulista (1979, 1982 e 1983). Na final contra a Ponte Preta, no título de 79, no Morumbi, Sócrates abriu o placar para o Coringão. Palhinha fez o segundo gol. Já pela Seleção, jogou a Copa do Mundo de 1982, sediada na Espanha, juntamente com nomes como Zico, Toninho Cerezo, Serginho Chulapa e Paulo Roberto Falcão. Mesmo que tenha sido eliminada pela Itália, aquela equipe Canarinho marcou o futebol pela genialidade. Em entrevista, o jornalista esportivo Juca Kfouri falou sobre o Doutor. Kfouri esteve na inauguração do campo que o MST construiu em homenagem a Magrão, localizado em Guararema, 80 km de São Paulo. O campo fica dentro da Escola Nacional Florestan Fernandes.

“Tenho absoluta certeza de que uma homenagem como essa é muito mais coerente com o que o Magro sempre foi e o deixaria muito mais feliz do que se, por exemplo, resolvessem dar o nome do Maracanã ao nome dele ou mudar o nome do Pacaembu para o nome dele. Ou, então, colocar o estádio do Corinthians, em Itaquera, com o nome dele”, disse Kfouri.

“Que pena, Brasil!” – Sócrates (1982)

Além disso, o jornalista também comentou sobre a Copa de 82, quando acompanhou a Seleção na Espanha. Na época, Kfouri dirigia a revista Placar e, assim, tinha que noticiar a fatídica derrota da Canarinho por 3 x 2. Rossi fez os três gols da Itália. Sócrates e Falcão marcaram para a Amarelinha. Também conta que, depois da eliminação, conversou com Magrão:

“No embarque dele de volta, em Barcelona, ele me pergunta: ‘O que eu vou dizer quando chegar no Brasil?’, mas no dia anterior, quando terminou o jogo contra a Itália, eu perguntei para ele: ‘Magrão, o que eu escrevo? O que eu coloco na capa de Placar?’ Assim, ele se virou para mim e disse, bota só isso, Juca: ‘Que pena, Brasil!’. Logo, se você olhar a coleção de Placar, verá que é exatamente essa a chamada de capa da revista. Com uma foto rasgada da comemoração da Seleção Italiana ao fim do jogo”, declarou o jornalista.

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Falecimento

“Quero morrer em um domingo, e com o Corinthians campeão”, dizia o Doutor.

E assim aconteceu: faleceu aos 57 anos, no dia 4 de dezembro de 2011, na madrugada de sábado para domingo, há quase oito anos. Na tarde daquele dia, o Alvinegro conquistaria seu pentacampeonato brasileiro em cima do Palmeiras. Antes do início da partida foi respeitado um minuto de silêncio. Além disso, os jogadores do Corinthians fizeram o tão famoso e representativo gesto de Sócrates: mão direita para o alto com os punhos cerrados.

Foto destaque: Reprodução/Irmo Celso/Revista Placar

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